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Candidato a prefeito na Bahia gasta R$ 1 milhão com combustível; média nas eleições de 2024 é de R$ 2,6 mil

Com a maior despesa deste tipo, Flávio Matos (União) priorizou carreatas durante campanha; para a equipe do candidato, quantia seguiu a lei

Com a maior despesa deste tipo, Flávio Matos (União) priorizou carreatas durante campanha; para a equipe do candidato, quantia seguiu a lei

Flávio Matos disputa prefeitura de Camaçari pelo União Brasil

Flávio Matos disputa prefeitura de Camaçari pelo União Brasil Foto: Reprodução/Instagram @flaviomatosoficiall

Com gastos que ultrapassam a quantia de R$ 1 milhão, o candidato pelo União Brasil à Prefeitura de Camaçari (BA), Flávio Matos, é o líder nas despesas com combustível nas eleições 2024 até o momento. O adversário de Matos na disputa o acusa de patrocinar o abastecimento de veículos de apoiadores, o que poderia caracterizar compra de votos. Já para a defesa do candidato, tudo ocorreu conforme as regras da Justiça Eleitoral.

Com o valor de R$ 1.007.329,19 utilizado pela campanha de Matos e o preço atual da gasolina no Brasil, a R$ 6,09 por litro, seria possível dar aproximadamente 41 voltas ao redor do planeta Terra com um carro de passeio.

Estes gastos ocorreram porque a estratégia de campanha priorizou carreatas pela cidade, afirmou ao Terra a defesa do candidato. Estes valores ainda podem aumentar, já que Matos disputará o segundo turno das eleições contra Caetano (PT). No primeiro turno, o petista obteve 49,52% dos votos, enquanto o candidato do União Brasil registrou 49,17%.

Em comparação com os gastos com combustível ao redor do Brasil, o R$ 1 milhão de Matos se destaca ainda mais. A média dos candidatos em 2024 está em R$ 2.611,86, segundo consulta feita pelo Terra junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se considerados apenas os candidatos à prefeituras, a média fica em R$ 9.168,51.

O segundo valor mais alto investido em combustível entre as maiores despesas declaradas no Brasil este ano está bem abaixo de R$ 1 milhão, no valor de R$ 435.189,95 — somados recursos públicos e privados, gastos por Heron Guimaraes (União), eleito prefeito de Betim (MG).

O valor utilizado por Matos surpreende ainda em relação à última eleição municipal, em 2020, que registrou como quantia máxima de gastos com combustível por um único candidato o valor de R$ 384.667,08, gastos por Nicoletti (PSL), que concorreu ao cargo de prefeito de Boa Vista (RR).

Em vídeos gravados pela campanha de Caetano, adversário de Matos, em dias de carreata, é possível ver grandes filas de carros adesivados com propaganda do candidato do União Brasil nas entradas de postos de combustível em Camaçari. O advogado do petista, Ademar Lopes, diz considerar que houve compra de votos. “O objetivo é impor ao dono do carro a colocação de propaganda eleitoral em seus veículos”.

Carros de apoiadores de candidato de Camaçari (BA) formaram filas em postos de combustível

Carros de apoiadores de candidato de Camaçari (BA) formaram filas em postos de combustível Foto: Reprodução 

A defesa de Matos nega. Para o advogado que representa o candidato, Sávio Mahmed, a liberação do abastecimento para as carreatas aconteceu em conformidade com uma resolução do TSE que trata do assunto. Mahmed afirma que a campanha priorizou o uso de carreatas como “estratégia de marketing dentro das normas eleitorais” devido aos “aspectos tradicionais da utilização de tal modalidade no município de Camaçari”.

O advogado alega também que todas as carreatas foram informadas ao cartório eleitoral e à Polícia Militar, e que as “centenas de veículos” que participaram “foram corretamente inseridos no processo de prestação de contas de campanha, juntamente com a quantidade de  combustível utilizado”.

Candidato pelo União Brasil, Flávio Matos prioriza uso de carreatas como estratégia de marketing

Candidato pelo União Brasil, Flávio Matos prioriza uso de carreatas como estratégia de marketing Foto: Reprodução/Instagram @flaviomatosoficiall

Para Carla Nicolini, advogada eleitoralista e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), a disparidade entre os gastos com combustível de Flavio Matos em comparação com a média nacional de R$ 2,6 mil “levanta sérias suspeitas de abuso de poder econômico”.

“Essa situação pode ser caracterizada como abuso, pois o uso excessivo de recursos financeiros pode comprometer a igualdade de oportunidades entre os candidatos”, pontua Carla.

A advogada explica que a Justiça Eleitoral deve investigar a origem dos recursos, a legalidade dos gastos e se houve distribuição de bens ou serviços em troca de votos. “Se for identificado que houve entrega de bens em quantidades que comprometem a liberdade do voto, isso pode resultar em ações judiciais e sanções ao candidato”.

O Terra procurou TSE para saber se a situação poderia caracterizar algum desrespeito às normas da Justiça Eleitoral, mas o órgão afirmou não se manifestar sobre casos concretos que possam vir a ser analisados pela Corte.

Fonte: Terra

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