Queda de avião da Voepass: o que é a caixa-preta e qual é a importância para as investigações

O voo 2283, que partiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP), caiu no interior paulista cerca de uma hora e meia após a decolagem. A caixa-preta, construída com material resistente a desastres, será crucial para investigar as causas do repentino declínio do ATR 72-500, que despencou 4.000 metros em apenas um minuto.

Quando ocorre um acidente aéreo, localizar a caixa-preta é uma das prioridades após o resgate de sobreviventes potenciais. Este dispositivo registra tanto as últimas conversas da tripulação quanto dados técnicos da aeronave, incluindo velocidade, aceleração, condições climáticas, altitude e configurações de potência.

A caixa-preta é composta por duas partes principais: o gravador de voz da cabine (CVR), que captura as conversas entre os pilotos e os sons internos da aeronave, e o gravador de dados de voo (FDR), que registra informações técnicas detalhadas sobre a trajetória e o desempenho do avião até o momento do acidente.

No caso do ATR envolvido no acidente em Vinhedo, tanto o CVR quanto o FDR foram localizados e encaminhados para Brasília. No Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), as gravações e os dados serão minuciosamente analisados.

A análise das informações contidas na caixa-preta será fundamental para determinar as causas precisas da queda do ATR. Este acidente da Voepass é o mais grave na aviação comercial regular brasileira desde 2007, quando um Airbus A320 da TAM (atual Latam) colidiu com um prédio da própria empresa em Congonhas, resultando na morte de 199 pessoas.

As primeiras hipóteses sugerem que a formação de gelo nas asas pode ter levado à perda de sustentação e à rápida queda da aeronave. Para confirmar a causa do acidente, especialistas deverão examinar detalhadamente as últimas comunicações entre os pilotos, juntamente com os dados meteorológicos e de desempenho do ATR durante o voo.

Composição e Resistência da Caixa-Preta

A caixa-preta é fabricada com uma liga de aço e titânio, proporcionando uma resistência excepcional. Projetada para suportar forças de até 3.400 vezes a gravidade terrestre (3.400 G) e variações extremas de temperatura, que podem variar de -60ºC a 1.100ºC.

Mesmo após o impacto severo que resultou na perda irreversível de todas as 62 vítimas a bordo, a caixa-preta foi encontrada intacta durante a perícia, conforme relatado pelo Secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite.

Apesar de ser conhecida como “caixa-preta”, a peça é pintada de laranja para facilitar sua localização entre os destroços, especialmente em condições adversas de visibilidade. Geralmente instalada na parte traseira da aeronave, a cauda é estatisticamente a área menos danificada em acidentes aéreos.

Além de preservar as conversas da tripulação e os dados de voo cruciais, a caixa-preta possui sua própria fonte de energia elétrica e emite um sinal de localização que pode ser detectado mesmo em profundidades oceânicas.

Fonte: CNN Brasil