A arquitetura sustentável tem ganhado espaço no Brasil, incorporando práticas que respeitam o meio ambiente e promovem a eficiência energética.Difer
A arquitetura sustentável tem ganhado espaço no Brasil, incorporando práticas que respeitam o meio ambiente e promovem a eficiência energética.
Diferentes regiões do país adotam soluções específicas para lidar com suas condições climáticas e geográficas e aproveitam materiais locais e técnicas inovadoras para criar construções que integram conforto, economia e respeito à natureza.
Exemplos em várias regiões demonstram como a arquitetura sustentável se adapta aos contextos locais. Do Norte ao Sul, obras como o Palácio Rio Negro, a Escola Parque Dunar, o Edifício Sede do SEBRAE, o Instituto Inhotim e a Casa Gilberto Petry ilustram como é possível unir tradição e modernidade em projetos que se destacam pela eficiência ambiental.
Além disso, a escolha dos materiais e as soluções tecnológicas são fundamentais para alcançar esses objetivos.
Estratégias como o uso de painéis solares, telhados verdes e sistemas de reaproveitamento de água mostram como a arquitetura brasileira pode se tornar mais sustentável e contribuir para a preservação dos recursos naturais.
Exemplos na prática
Norte: Palácio Rio Negro, Manaus (AM) Localizado no coração da Amazônia, o Palácio Rio Negro passou por uma restauração que incluiu melhorias na eficiência energética e na gestão de água, sem perder sua essência histórica.
“Essa integração de soluções sustentáveis com o clima úmido da Amazônia é um exemplo de como é possível preservar o patrimônio cultural enquanto se adota práticas sustentáveis”, comenta Lucas de Lucena Rocha, arquiteto e mestre em Ciências Ambientais pela UFRPE.
Nordeste: Escola Parque Dunar, Natal (RN) — No Nordeste, a Escola Parque Dunar utiliza ventilação natural e técnicas de bioclimatização para lidar com o clima quente e seco.
“A escola prioriza o uso de materiais locais e técnicas de construção que minimizam o impacto ambiental, tornando-a um exemplo notável de sustentabilidade no semiárido brasileiro”, acrescenta Rocha.
Centro-Oeste: Edifício Sede do SEBRAE, Brasília (DF) — Já no Centro-Oeste, o Edifício Sede do SEBRAE destaca-se por soluções de conforto ambiental, como iluminação natural, fachadas ventiladas e o uso de telhado verde e painéis solares.
“A construção se adapta ao clima tropical, com variações de temperatura, ao aproveitar ao máximo os recursos naturais disponíveis”, explica o arquiteto.
Sudeste: Instituto Inhotim, Brumadinho (MG) — O Instituto Inhotim, em Minas Gerais, adota práticas de construção sustentável, como o uso de materiais reciclados e a integração das edificações com a paisagem natural.
“A proposta é que a arquitetura dialogue com a natureza, promovendo um ambiente que respeite o bioma local e que, ao mesmo tempo, seja eficiente em termos de recursos”, observa Ana Belizário, arquiteta e diretora comercial da Urbem, indústria de madeira engenheirada.
Sul: Casa Gilberto Petry, Porto Alegre (RS) — No Sul, a Casa Gilberto Petry utiliza técnicas como captação de energia solar, isolamento térmico e reaproveitamento de água da chuva, adaptando-se ao clima frio da região.
“O design é adaptado ao clima frio da região sul, promovendo eficiência energética e conforto”, complementa Rocha.
Clima e sustentabilidade
A diversidade climática do Brasil impõe desafios únicos para a arquitetura sustentável. No Norte, por exemplo, o clima quente e úmido exige ventilação natural, uso de materiais locais como madeira e palha, e sistemas para captar água da chuva.
“Já no Nordeste, onde o clima é quente e seco, a bioclimatização, o sombreamento e o uso de materiais térmicos como o adobe são fundamentais”, destaca Rocha.
No Centro-Oeste, o clima tropical com variações de temperatura requer eficiência energética, aproveitamento de energia solar e uso de materiais cerâmicos. No Sudeste, regiões de altitude com variações térmicas favorecem projetos com ventilação natural e o uso de materiais reciclados.
“No Sul, o clima subtropical exige bom isolamento térmico, uso de energias renováveis como solar e eólica, e sistemas de reaproveitamento de água para lidar com invernos frios e verões quentes”, ressalta Rocha.
Materiais e tecnologias: escolhas estratégicas
A escolha dos materiais e das tecnologias certas é crucial para a sustentabilidade na construção civil.
“Materiais naturais ou com baixa emissão de carbono, como as estruturas de madeira engenheirada, são uma excelente opção”, pontua Ana Belizário, arquiteta e diretora comercial da Urbem.
“Também temos estratégias de ventilação cruzada e iluminação natural, que reduzem a necessidade de ar condicionado e iluminação artificial, economizando energia.”
Rocha complementa que o uso de tecnologias como painéis solares e sistemas de reaproveitamento de água são comuns em projetos sustentáveis.
“Essas tecnologias contribuem para a eficiência energética e a conservação de recursos naturais, o que é essencial para reduzir a pegada de carbono.”
Impactos e benefícios da arquitetura sustentável
A adoção de práticas sustentáveis na arquitetura não traz apenas benefícios ambientais, mas também sociais e econômicos.
“A redução da pegada de carbono, a economia de recursos naturais, a conservação da água e a redução de resíduos são alguns dos impactos positivos”, explica Rocha. “Essas práticas não só ajudam a preservar o meio ambiente, mas também promovem uma melhor qualidade de vida para a sociedade.”
Belizário destaca que a sustentabilidade também está ligada à valorização do contexto local e ao apoio às economias regionais. “Quando escolhemos materiais locais ou técnicas tradicionais, estamos fortalecendo comunidades e incentivando práticas justas e conscientes.”
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