Foto: Jefferson Peixoto/ Secom PMS A Associação de Terreiros da Bahia Egbé Axé, em parceria com a Fundação Gregório de Mattos (
A Associação de Terreiros da Bahia Egbé Axé, em parceria com a Fundação Gregório de Mattos (FGM), órgão vinculado à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), realizou ontem (24) a 6ª Oficina de Elaboração do Plano de Salvaguarda da Festa de Yemanjá, na Paróquia de Sant’ana, no Rio Vermelho.
O evento teve como objetivo escutar os pescadores e detentores associados da festa, promovendo, assim, a gestão colaborativa e a preservação desta que é a maior manifestação pública de candomblé na Bahia e que há quatro anos é reconhecida pelo município como patrimônio cultural de Salvador.
Participaram da oficina pescadores, representantes de terreiros de Candomblé e Umbanda, barraqueiros e moradores do Rio Vermelho, bairro onde a festa é realizada todos os anos.
Presidente da Associação de Terreiros da Bahia Egbé Axé, Mãe Diana D’Oxum explicou como está sendo a elaboração do plano de salvaguarda.
“Nós já tivemos algumas oficinas anteriormente só com os detentores e agora ampliamos para os associados da festa, que são os representantes dos terreiros de candomblé, os barraqueiros e a comunidade. Nessa reunião, ouvimos o que a comunidade tinha a colocar para a salvaguarda do bem. É uma discussão ampla, envolvendo os aspectos e desafios para a realização da festa. Toda a discussão será documentada para o projeto Ayó Gbogbo Axé, que visa salvaguardar os patrimônios culturais do município. Depois faremos um edital, contemplando 30 detentores com o valor de R$ 15 mil”.
“Eu que sou mulher preta, Ialorixá e presidente de uma associação recebo esse projeto como um grande presente. A gente vem resgatando os nossos bens e começa a entender a discussão para a preservação deles. É muito importante quando o poder público acorda para isso e coloca a sociedade civil junto com o poder público para poder discutir. É uma satisfação imensa estar fazendo algo para o nosso povo, pois o patrimônio imaterial pertence ao nosso povo preto, ao povo de Salvador”, acrescentou.
Escuta – Administrador, especialista em Direitos Humanos e em Políticas e Gestão Cultural pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Antonioni Afonso também destacou a importância da oficina e do projeto: “Salvador é uma cidade emblemática para todo o país em relação à cadeia produtiva da cultura, ao que exportamos de cultura para todo o Brasil e para outras partes do mundo, e ter um projeto que tem um olhar diferenciado para a escuta ativa dos detentores que realizam essas celebrações e garantem que esses bens continuem existindo é muito importante”, afirma.
Ele lembrou que o projeto está permitindo fazer de uma forma diferente da que é feita em outras regiões do país, integrando detentores de diversos bens em processos formativos de educação patrimonial, o que é algo inovador.
“Dessa maneira, há um reconhecimento e valorização dessa manifestação cultural no território a partir de uma política pública que tem um lastro, que tem um arcabouço teórico, documental e legislativo, algo que dá também uma segurança jurídica”.
Presidente da Colônia de Pesca Z1, responsável pela organização da festa e pelo presente de Iemanjá, Nilo Garrido contou um pouco sobre as melhorias pelas quais a manifestação cultural e religiosa tem passado nos últimos anos com a reforma da colônia de pesca. “A festa melhorou muito após a mudança de presidência da colônia. Temos contado com o apoio da FGM e da Federação Baiana de Pesca. Daqui para frente é só melhorar”.
Financiamento – O projeto Ayó Gbogbo Axé, para a salvaguarda dos patrimônios culturais do município, foi contemplado pelo edital Salvador Cidade Patrimônio, com recursos financeiros da Prefeitura (Secult e FGM) e do Governo Federal, por meio da Lei Paulo Gustavo.
Além da elaboração do plano de salvaguarda da Festa de Iemanjá, o projeto é responsável pela elaboração do dossiê de instrução de registro do ofício dos carrinhos de café (em processo de patrimonialização), pela elaboração do plano de salvaguarda do ofício dos mestres carpinteiros navais e reelaboração do plano de salvaguarda do Samba Junino.
Texto: Priscila Machado/ Secom PMS
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