Foto: Hugo Carvalho/ FundacO start do projeto foi dado nesta quarta-feira (10), em solenidade para assinatura do termo de cooperação entre as entidade
O start do projeto foi dado nesta quarta-feira (10), em solenidade para assinatura do termo de cooperação entre as entidades, no Espaço Crescer (Setre), que contou com apresentação musical de quatro jovens da Fundac, que tocaram flauta doce e zabumba, acompanhados por um violonista. Eles executaram as músicas Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Anunciação (Alceu Valença), além da canção Flor de Lis (Djavan), entoada por um dos jovens. Foram aplaudidos em pé pelas autoridades.
Participaram do evento os secretários da Setre, Davidson Magalhães, e da SJDH, Felipe Freitas, além da Diretora Geral da Fundac, Regina Affonso, além de representantes de entre outros órgãos do estado.
Cursos
A oferta de cursos e oficinas para os jovens custodiados é diversa e contempla Manutenção de Computadores, Culturas Digitais, Mobilização de Redes Sociais, Garçom e Garçonete, Estamparia e Silkscreen, Barbeiro, Cabelereiro e Maquiagem. Já as oficinas oferecidas são de Artes Manuais e Pintura em Tela, Poesia (cordel) e Música (aulas de violão). Cada participante, ao final dos cursos, deve receber equipamentos ou kits profissionais para que possam trabalhar e gerar renda com a nova qualificação.
O projeto será executado, inicialmente, nas unidades Fundac nos municípios de Salvador, Camaçari, Feira de Santana e Vitória da Conquista, mas a ideia é expandir a ação para outras regiões do estado.
Ressocialização
O secretário da Setre, Davidson Magalhães, disse que a violência na sociedade não será resolvida com armas ou só com a polícia, mas com políticas sociais.
“Essa é uma política muito importante que estamos desenvolvendo aqui, é uma política de enfrentamento da dinâmica dessa sociedade (…) estamos retomando esses sonhos, porque o adolescente que não tem condições materiais do sonho criado pela televisão, o sonho criado pela internet, ele tem a destruição material desse sonho e nós precisamos recompor. Esse é o papel da política pública. Então, através de um instrumento da política, que é a qualificação profissional, nós estamos dando dimensão a isso”, disse o gestor.
O secretário disse, ainda, que não basta qualificar, mas incorporar esses jovens para efetivar a ressocialização. Por essa razão, a Setre está discutindo um projeto para que através do SineBahia sejam priorizadas vagas para esse grupo de pessoas.
Mundão – Para os jovens que serão atendidos pelo projeto, a grande maioria negros e nascidos em famílias de baixa renda, realizar um sonho também se trata de superar, além de tudo, uma ação delituosa do passado para descobrir uma nova vida.
Para Marcelo*, 18 anos, por exemplo, cursar uma faculdade e entrar para a Polícia Federal é apenas o início de seus objetivos. “Meu sonho, pra ser sincero, desde pequeno, é fazer uma faculdade pra, depois, entrar para a Polícia Federal que é uma coisa que eu admiro. Estou no segundo ano, falta um ano, faço minha faculdade. E, com fé em Deus, se for do querer e da vontade dele, lá na frente, vou poder realizar meu sonho: montar minha família, construir minha casa, ter meu veículo. Viver honestamente. Apesar do que eu fiz no meu passado, me arrependo muito, mas sinto que meu passado não vai me atrapalhar…”, conta ele.
O colega Adriano*, 17 anos, toca flauta doce, saxofone, bateria, percussão e está aprendendo trompete. Ele tem o sonho de tocar com artistas baianos famosos. “Meu sonho é entrar em uma banda de Ivete Sangalo ou Bell Marques”, conta.
Para ele, a importância de projetos como esse é o de dar oportunidade para jovens. “Lá fora, no mundão, não tem essa oportunidade, de música, artesanato e outros cursos. Eu sempre falo pra eles que a música transformou a minha vida. Eu acho que fazer esses cursos pode ser o diferencial porque, um curso avançado de corte de cabelo, por exemplo, está uns R$ 2 mil…e você tem essa oportunidade, cá fora a não acha”, diz Adriano.
Já Renan*, o “cantor” da turma, quer retomar a vida, que ficou parada por um tempo. “Quero dar continuidade à minha profissão, que eu botei em prática no mundão, mas não cheguei a concluir, o curso de técnico de enfermagem, socorrista da SAMU… esse é meu sonho”.
*os nomes foram trocados para preservar a identidade dos jovens
Fonte: Ascom/Setre